Ògún Ye! Vamos falar sobre Ògún?!

É difícil para mim falar sobre este Orixá (Òrìṣà) por motivos de ser meu Orixá de cabeça, meu amigo, meu guardião, meu Bàbá, aquele que reina em minha vida… no mundo como um todo, né?! Enfim…vamos lá!

Ògún é vida. Ògún, o Orixá dos caminhos, da tecnologia, do trabalho. Aquele que é patrono de todo avanço tecnológico. Ògún é uma divindade dos tempos da criação do mundo. Dentro de toda a comitiva dos Orixás que vieram a terra, Ògún é o ásíwájú (aquele que vai na frente, aquele que lidera), veio a terra com o nome de Alàákàyè (Senhor da Terra), Ọṣìn mọ́lẹ̀ (Lider dos imolês / irunmoles), desbravando as matas e abrindo caminho para todos os que vem atrás dele. Ògún se veste com folhas novas do Igí Ọ̀pẹ (a árvore sagrada dendezeiro), cujo nome é Màrìwò. É a Ògún quem devemos pedir bons caminhos ao colocarmos os pés na porta para sairmos de nossas casas por qualquer motivo, assim como é a Ele quem devemos pedir proteção para retornarmos. Inclusive, esta é a minha prece ao sair de casa TODOS OS DIAS. Fica a dica pra quem não faz preces ao sair. Não há a necessidade de recitá-la em Yorùbá, mas quem quiser…

Kí (Que) Ògún la ọ̀nà (abra caminhos) fún (para) mi (mim) àti (e) kí (Que) Èṣù sì rìn (caminhe) pẹ̀lu mi (comigo) o (!)

Juntando tudo -> Kí Ògún la ọ̀nà fún mi àti kí Èṣù sì rìn pẹ̀lu mi o

Se você voa, você passa por rotas aéreas. Se você pega um trem, estradas de ferro. Carro, ruas e estradas. Não importa. Ògún é aquele que produz estradas independente de onde seja. Ter isso em mente é importante, por motivos óbvios.

Ògún é amigo de todos, mas poucos são seus amigos. Segundo os antigos e ao contrário do que foi disseminado em algumas práticas religiosas no Brasil, Ògún é um Orixá que gosta de ficar sozinho e ama o silêncio. É muito generoso embora sisudo. Gosta das coisas simples, respeitoso e ao contrário do que muitos de nós acredita, é um Orixá “calmo”. Porém, ao perder sua calma, sua fúria não pode ser contida. Aliás, só há uma forma de conter Ògún: Uma mulher. Ògún respeita a presença de uma mulher: Iyafero (A mulher encarregada de acalmar Ògún caso ele entre em frenesi e se torne muito violento). Esse é, aliás, um dos trocentos títulos de Yemọja é o de Iyafero; A mãe que acalma. Nos cultos a Ògún em território africano, como em Sakété, no Benin, é comum ouvir falar este nome.

No mais, fica a dica ai

Bí ọmọdé bá dalẹ̀
Kí ó máa ṣe dá Ògún
Ọ̀rọ̀ Ògún l`ẹ̀wọ̀
Ọ̀rọ̀ Ògún ṣòrò

Se um jovem quebrar um juramento
Que ele não quebre o feito a Ògún
A palavra de Ògún é tabu
A palavra de Ògún e sagrada

Pátákòrí o, Ògún Ye.

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